ACONTECE NO MPHU

Mães enfrentam desafios para proteger filhos contra Covid-19

14/05/21

A pandemia da Covid-19 trouxe consigo alguns cuidados redobrados, principalmente para quem é mãe. Dentro do Mário Palmério Hospital Universitário (MPHU), mães médicas e enfermeiras redobraram os cuidados para proteção dos filhos em casa, enquanto mães pacientes na ala Covid vivenciavam os desafios da recuperação, atrelados ao medo da infecção dos filhos.

Munique Paroneto Sousa, mãe de três filhos, experimentou na pele o desafio de ser mãe que testou  positivo para Covid. No início do ano, grávida de 28 semanas da Eloá, sua terceira filha, a jovem testou positivo para o vírus e viu o medo diante de seus olhos. Munique teve 70% do pulmão comprometido e passou por alguns dias de internação no MPHU. Para ela, o maior desafio foi se ver distante dos filhos, atrelado ao medo de comprometer Eloá, que ainda estava na barriga.

"Meu maior desafio sendo mãe com Covid foi a distância dos meus filhos. Mas, ao mesmo tempo, foi isso que me deu forças para lutar. Eu pedia para que ficasse tudo bem, que meus filhos não fossem contaminados e que eu me recuperasse logo. Tive medo da distância, medo da morte e medo de ficar longe deles e que eles também se infectassem. Esse foi o meu maior desafio", conta.

A passagem pelo hospital foi desafiadora para Munique. Ela conta que foram dois dias de internação até que teve que ser intubada, no terceiro dia. No dia seguinte, intubada, Munique teve que se submeter a uma cesariana, para não comprometer a filha. "Eu não vi minha filha nascer. Quando eu acordei, a primeira coisa que eu senti foi a falta da barriga. A equipe de enfermeiras que me acompanhava ficava por perto e me auxiliava, me explicava que eu tinha feito a cesárea e que me filha estava bem. Só consegui conhecer minha filha 13 dias depois que ela nasceu", compartilha a mãe.

Com o nascimento prematuro, Eloá teve que ser internada na UTI Neonatal. Hoje, ela já está com boa recuperação, com 1,700kg e respirando sem ajuda de aparelhos. Para Munique, o que a tranquilizou nesses dias foi ter a equipe de enfermagem do MPHU, ao lado, auxiliando e cuidando dela e da filha.

Para ela, a admiração e carinho pelas equipes de enfermagem, que enfrentam a jornada de trabalho e cuidam dos pacientes como se fossem famílias, aumentou depois dessa experiência. "Tenho uma gratidão eterna por todos os enfermeiros do MPHU que cuidaram de mim durante os 18 dias que estive por lá. Aos enfermeiros da UTI Covid e aos enfermeiros da UTI Neonatal, que estão cuidando da minha filha, meu muito obrigada, de coração. Sem a equipe de enfermagem eu não teria conseguido passar por isso", agradece Munique.

Jornada dupla: mãe e enfermeira

A enfermeira Alessandra Silva Souza trabalha na ala não covid, mas por estar dentro do hospital, teve que ter os cuidados redobrados com a pandemia. Para ela, a enfermagem já tem a responsabilidade, cuidado e compromisso de tratar os pacientes com muito zelo.  A filha da Alessandra já é adolescente, de 17 anos, mas para a mãe, os cuidados são os mesmos, caso ela fosse mais nova.

"Com essa pandemia, eu redobrei todos os cuidados, dentro e fora do hospital. Mantemos o cuidado com quem está ao nosso redor. Por trabalhar no hospital, eu já tinha uma rotina antes da pandemia de chegar em casa, deixar roupas e sapatos na lavanderia e entrar em casa somente com outro calçado. Por mais que tenho meus cuidados, morro de medo de passar alguma coisa pra minha filha, pois eu estou saindo, mas ela está ficando em casa. Hoje, por exemplo, eu evito passar em qualquer lugar depois do horário de serviço. Redobramos o cuidado com todos porque não sabemos como esse vírus vai agir, já que em cada um ele reage de uma forma", explica Alessandra.

Para a enfermeira, não ter a rotina de abraços e troca de carinhos com a filha, dentro de casa, tem sido o maior desafio e torce para que a troca de carinhos não demore a voltar. "Minha filha e eu somos muito próximas, muito amigas. A gente sempre brincava, abraçava e agora tivemos que evitar esse contato e parar com os abraços. O que mexeu muito comigo nessa pandemia foi a questão do contato físico, aquele abraço em minha filha que eu dava todos dias, até hoje eu evito por medo. Esperamos que tudo isso passe", finaliza.